Quando deixamos de viver para recordar


Não sei o que dirias se estivesses aqui comigo neste momento. Para dizer a verdade, já nem tão pouco imagino com nitidez o teu rosto, a tua voz e os teus gestos. Começo a esquecer-me de uma pequena parte dos momentos que partilhamos e deixo de prever os actos que tomarias para fazer frente a certas e determinadas situações.
O tempo passou, sei-o bem, mas isso já não justifica absolutamente nada. Tantas foram as vezes em que me disseram que ele curava tudo, e enganaram-se. Os dias correram mas, em contrapartida, tu continuaste ausente. Nem mesmo o hábito, aquele que tomou a melhor parte, conseguiu fazer com que as feridas fossem fechadas e deixasse de existir um lugar teu na minha vida.
Fiz algo por ti, fizeste tanto por mim, fizemos muito por nós. Hoje tudo isto se resume a recordações que se sintetizam em pouco: imagens de momentos que nem deveriam ter sido retratados, dada a força que tiveram para serem vividos; cartas que nem deveriam ter sido escritas, tendo em conta a grandiosidade dos sentimentos transmitidos pelas suas palavras; memórias que nem deveriam ter sido construídas de tão importantes os acontecimentos que as contêm. Passamos a recordar quando deixamos de viver. Agora sei que nem mesmo as recordações chegam para que eu consiga completar aquilo que há muito se deixa inacabado.

Comentários

sasha disse…
esse texto também poderia ter escrito por mim, adorei :)
GF disse…
Amo, Amo recordar! de tudo e todos

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