Anjo


Era bom não era? Era bom quando me dizias ao ouvido: “dorme, tudo vai ficar bem, porque amanhã quando acordares já não te lembrarás do pesadelo.” Sinto saudades destes pequenos momentos, aqueles que eram só nossos. Hoje acordo assustada e angustiada, mas tu já lá não estás, já não me dás a mão, já nem mesmo esperas para que eu volte a adormecer.
A escuridão envolve-me o pensamento, abraça-me a emoção e persegue-me a imaginação. Sonos profundos são agora envolvidos por histórias bizarras, histórias dos medos, histórias dos receios e histórias que não fazem parte de mim. Sempre que fujo destes maus sonhos, acordando para a realidade, percebo que algo não está presente, percebo que o cenário está incompleto. É nestes instantes que me dou conta da falta que me fazes, da falta que me faz a tua presença, da falta que me faz o facto de a tua mão não mais estar junto da minha.
Tento voltar a dormir. Sei que não estás perto de mim apenas porque não te é permitido, não te deixam voltar, não querem apagar da minha memória a tua dolorosa partida. O meu coração apenas me diz que és mais forte, não permitirás que alguém me magoe, não deixarás que eu continue nesta angústia. Confio nele e finalmente adormeço.
As nuvens assombram-me, mesmo que leve e carinhosamente. Não vejo muito mais do que a luz solar que as reflecte nos meus olhos. Tenho medo, mas nem mesmo esse me impede de permanecer aqui. Ouço tenuemente a tua voz, tão longe mas jamais tão perto, como que um grito silencioso no meu ouvido. Agora estou bem, sei que tudo ficará bem, no dia seguinte, quando a minha consciência voltar.
Sempre acreditei em ti, e hoje percebo que não falhei nesse aspecto. Quando é que o meu sorriso deixará de ser a tua principal missão? Nunca, não é? Partiste do mundo, mas o meu coração não te deixou fugir. Ele sabe que eu preciso de ti.
À Estrelinha mais brilhante.

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