Caixa de Memórias
Gosto de guardar memórias numa caixa, sob a forma de
fotografias gastas, objetos gentilmente oferecidos, cartas escritas e bilhetes das
queimas das fitas um pouco rasgados. Quando o tempo o permite, gosto de as
abrir e acreditar que as trago para junto de mim, como se pudesse viver
novamente cada momento.
Hoje revi-te nelas, no maravilhoso álbum que me fizeste, com
legendas cuidadosamente delineadas. Dou-me conta de que já não me consigo
lembrar de ti com tanta facilidade, o que faz com que o meu chão pareça menos
seguro. Tento colocar-me no lugar da menina que fui no teu colo, mas nem sempre
sou capaz de o fazer. Talvez por ser já uma pessoa diferente ou por
simplesmente me falhar a memória, mas resta-me acreditar que, estejas onde
estiveres, estás a olhar por mim.
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