Orgulho por um desconhecido
Ontem foi mais uma das minhas noites de estágio lá na Cruz Vermelha. Como tal, e seguindo o exemplo de tantos outros momentos, ficou uma história por contar. Daquelas que quase ninguém vê e quase ninguém sofre, pois “ olhos que não vêm, coração que não sente”.
Tudo começou porque, durante uma ida ao hospital na sequência de uma emergência, dei por mim a “babar-me” ao olhar um senhor que lá estava. Na casa dos seus virtuosos 70 anos, trocou a cama aconchegante e o chá quente pelo voluntariado nas urgências, assim: como quem não quer a coisa. Sempre sorridente, bem-disposto, muito mais comunicativo e satisfeito do que a maioria médicos, prestava auxílio a quem chegava, com gestos simples, como indicar uma determinada secção do hospital, ou com gestos vindos do outro mundo, como dar a mão a quem dela precisava num momento menos bom.
Foram centenas de segundos que me levaram a sentir pequena, muito pequena. Só espero poder ser, talvez um dia, um terço daquilo que aquele senhor representou para mim naquela noite.
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