Renascer da tinta adormecida


(Histórias de alguém...)
Sabes, nunca tentei consciencializar-me de tudo o que aconteceu connosco. Simplesmente fechei essa página da minha vida para, possivelmente, abrir mais tarde. Ainda não fui capaz de o fazer. Vivo ignorando esse facto, embora saiba que isso não passa de uma mera cobardia. Ironia? Talvez não, pois tento ver todo este facto como um mecanismo de defesa da minha mente, mecanismo esse que atenua este meu sofrimento e me impede de desistir de tudo o resto.
Posso viver ignorando a tua ausência, posso passar o dia a pensar em mil e uma coisas senão em ti, posso passar por todos os sítios nos quais nunca passei contigo e posso esquecer a parte de mim que morreu, por tua culpa. Assim não penso em ti, já que a minha decisão ficou mais que tomada no passado, tendo escrito assim este presente.
Sou agora um desenho com vida própria, como alguém me aconselhou a ser. Vou pintar o meu próprio caminho, de azul, de verde, de cor-de-rosa, de vermelho, de amarelo e de todas as cores que o mundo me oferecer, mas vou esquecer o preto, pois dele apenas quero a sua decomposição, já que para mais nada me serve, nem mesmo para delimitar os contornos das estradas da minha vida.
Se vou ser feliz assim, sem ti? Não sei, mas talvez daqui a algum tempo te possa responder a essa pergunta, para dessa forma também me esclarecer a minha mesma.
Por agora vou ficando assim, por aqui, por acolá, por onde tu não me possas encontrar, reacordando as partes de mim que estão adormecidas, mas que me fazem muita falta. Preciso de mim para voltar a viver, por mais irónico que isto pareça.
De um momento sincero, Lara Teles.

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